Conhecemos um personagem fascinante de fez uma revolução no Carnaval do Rio de Janeiro nos anos 60 do século passado. Pere Benet Domingo é um artista catalão que abandonou a Espanha em 1951, fugindo da repressão franquista. Republicano e profundamente anti-militarista, chegou ao Rio de Janeiro em 1952 com a sua esposa em busca de uma nova vida. Carmen Miranda teve tudo a ver com essa decisão: o casal assistiu a um filme onde a portuguesa mais brasileira cantava na Bahia de Guanabara e decidiram trocar a Argentina pelo Brasil. Assim começou o exílio desse artista. Benet Domingo, que estudou arquitetura e Belas Artes, virou o cenógrafo oficial do carnaval do Copacabana Palace, o lugar mais exclusivo do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, começou a desenhar enormes figuras e instalações para o carnaval de rua da Avenida Presidente Vargas, três décadas antes da inauguração do Sambódromo. Benet Domingo soube valorizar a cultura carioca, introduzindo elementos da música e da cultura negra numa festa dominada, até aquele momento, por pierrots e arlequins de procedência europeia. A filha dele, Pilar Domingo, e a neta Matina administram hoje um centro cultural na Urca, onde tentam manter a memória desse grande artista quase desconhecido na Espanha e no Brasil. A Casa Benet é um perfeito equilíbrio de cultura espanhola, catalã e brasileira no bairro mais bucólico do Rio de Janeiro. Valeria Saccone é quem nos presenteia com essa história.
