Na Bolívia, tentativa de golpe evidencia racha do MAS

A "quartelada" do general Juan José Zúñiga, chefe do exército boliviano, foi uma espécie de farsa que poderia ter levado a uma tragédia. Nosso correspondente em São Paulo, Alexandre Agabiti, analisa o clima político cada vez mais deterioriado pelas disputas dentro do partido do governo boliviano – o Movimento ao Socialismo (MAS) –, hoje dividido em duas alas: uma em apoio a Evo Morales, que foi presidente da Bolívia por três mandatos, e outra a favor de seu sucessor, o atual presidente Luis Arce, ex-ministro da economia de Morales. A suposta tentativa de golpe de Estado reflete a situação complexa atravessada pela Bolívia. A ruptura entre os dois líderes bloqueia qualquer estratégia contra a crise econômica que vem se agravando ao longo dos últimos meses e mantém o Congresso parado, abrindo a porta a aventuras como a do general Zúñiga. Após sua prisão, ele afirmou que a tentativa foi armada pelo próprio presidente Luis Arce, tendo em vista recuperar popularidade antes das eleições presidenciais de 2025. As motivações dos acontecimentos de 26 de junho são obscuras, mas os fatos evidenciam o racha no MAS, único partido com possibilidade de vitória no próximo pleito.